A importância da escuta atenta e da interação com o território para a integração da sustentabilidade na estratégia do negócio

 Em Estudos e Projetos, Eventos e Notícias, Negócios e Meio Ambiente

Nesta terça-feira, 08/05, em Salvador, o Diretor Executivo da Ferreira Rocha Gestão de Projetos Sustentáveis (FR), Delfim Rocha, apresentou no VIII Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social no Setor Elétrico (SMARS), evento organizado pelo Cigré-Brasil, o artigo técnico “Reflexões sobre o Planejamento e Implantação Socioambiental da UHE Belo Monte a Luz das Diretrizes para Grandes Obras na Amazônia”.

O trabalho, elaborado pela FR em conjunto com Valéria Saracura, da Quatipuru Consultoria Ambiental, traz reflexões críticas quanto ao nível de aderência do planejamento e materialização das ações socioambientais da UHE Belo Monte às diretrizes propostas no documento “Grandes Obras na Amazônia: Aprendizados e Diretrizes”, resultante de iniciativa liderada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV EAESP (GVces) e pela International Finance Corporation (IFC).

Com base exclusivamente em informações disponíveis em documentos tornados públicos pelo empreendedor e/ou pelo órgão licenciador, e no trabalho de autoria do GVces e da IFC, o trabalho busca focar acertos, erros, limitações, dificuldades e evoluções ao longo do processo de materialização do empreendimento em questão, visando contribuir, com lições aprendidas, para o aprimoramento do planejamento e implantação de projetos que possam representar interferências significativas nos territórios onde se inserem.

Essas reflexões fundamentam-se no conceito de que, para que haja o real desenvolvimento, os benefícios do crescimento econômico, representado pelo empreendimento que chega a uma região, devem realmente servir à ampliação das capacidades humanas existentes nesse território, entendidas como a possibilidade de as pessoas terem uma vida longa e saudável, serem instruídas, terem acesso aos recursos necessários a um nível de vida digno e serem capazes de participar da vida da comunidade e das decisões a respeito de seu futuro, respeitando a capacidade de suporte do capital natural que sustenta os capitais humano, social e econômico.

Para tal, uma das conclusões a que chega o artigo é quanto à importância de se proceder, desde as etapas iniciais de planejamento do investimento, a um processo de escuta atenta do território, para além da comunicação tradicional, fundamental para que as comunidades locais possam efetivamente maximizar o aproveitamento das oportunidades de desenvolvimento que se abrem com o potencial vetor de transformação representado pelo empreendimento, compatíveis com seus recursos ambientais e capital sociocultural.

E, a esse respeito, muito se discutiu no VIII SMARS, levantando-se ainda discussões quanto à importância de, nessa interação, bem se esclarecer junto às comunidades os papéis e responsabilidades dos diferentes entes – público e privado – que interfaceiam diretamente com a população e o projeto em si.

“Fato é que, quanto mais cedo o empreendedor tomar contato com as demandas e expectativas sociais, que muitas vezes estão reprimidas e vêm à tona com o advento do empreendimento, maior será a sua capacidade de dialogar com a população e planejar, em caráter estratégico, seus investimentos e ações sociais no território, sejam estes na forma de medidas mitigadoras e compensatórias de impactos, ou de responsabilidade social corporativa ao encontro do futuro que as pessoas efetivamente desejam para si. Mesmo que se tenha que suprir a falta do Estado em determinadas regiões, por meio desse processo preventivo de interação tenderão a ser menos agressivas para o empreendedor as externalidades de custos, pois seu caráter de imprevisibilidade deverá diminuir, assim como os reflexos negativos que constantes desgastes com as comunidades trazem a sua imagem corporativa, processos de financiamento, entre outros”, comenta Delfim.

Para acessar a íntegra do artigo técnico, clique aqui.

Posts recentes

Deixe seu comentário