A problemática das macrófitas nas usinas hidrelétricas

 Em Negócios e Meio Ambiente

Entenda o que são, como impactam e como as macrófitas podem ser retiradas de forma eficiente dos reservatórios

Na fase de operação de unidades hidrelétricas – UHE, é necessário se adaptar às alterações dos ecossistemas aquáticos e terrestres no entorno do empreendimento. Uma das questões a serem consideradas é a existência das macrófitas aquáticas, plantas de diversos grupos que podem impactar no funcionamento da UHE.  Essas espécies possuem a característica de possuírem partes vegetativas que podem se expandir ativamente, permanentemente ou por um determinado período.

Justamente por terem essa característica, as macrófitas são capazes de se proliferar e causar grandes prejuízos às usinas hidrelétricas. Em condições favoráveis para o seu desenvolvimento, pode haver um  crescimento excessivo dessas espécies, afetando os usos múltiplos da água.

“As macrófitas são, antes de qualquer coisa, um bioindicador. Se elas estão aparecendo em algum lugar, é porque algo está acontecendo. Algumas causas podem ser o lançamento de esgoto no rio ou uma grande quantidade de dejetos de animais em suas margens” explica a Engenheira Florestal e de Segurança do Trabalho, Louise Passos, que se encarrega da fiscalização da retirada das macrófitas em empreendimentos assessorados pela Ferreira Rocha.

Quando em altos níveis de infestação, as macrófitas podem entrar pela tomada d’água e prejudicar a produção de energia, além de impedir a navegação e recreação. A irrigação e o abastecimento também são afetados. Essas plantas ainda contribuem para a eutrofização dos corpos d’água, quando geram alta concentração de matéria orgânica, causando prejuízos à biota aquática.

Várias represas já relataram problemas com a infestação de plantas aquáticas, e diante dessa problemática, é feito o controle ou a remoção deste material do corpo hídrico. O processo pode acontecer de forma mecanizada ou manual, e uma problemática comum entre os empreendedores é como quantificar e padronizar essa retirada.

Em experiência recente, a Ferreira Rocha desenvolveu uma metodologia para a padronização da quantificação da retirada das macrófitas.

As duas principais espécies predominantes no reservatório da UHE assessorada pela FR são: Salviniaauriculata (à esquerda), popularmente conhecida como orelha de rato, que é mais comum na ocupação do reservatório e; Eichhorniacrassipes (à direita), popularmente conhecida como aguapé ou jacinto-de-água.

“Nosso objetivo foi quantificar o quanto a empresa executora estava tirando de macrófitas por dia. Ao observar a forma como a retirada manual acontecia, medir em campo todas as redes utilizadas e o quanto de macrófitas cada uma era capaz de puxar a cada lançamento, chegamos a um método para estabilizar os cálculos de retirada,” conta Louise.

A retirada é feita com redes, que foram padronizadas para se chegar a um cálculo exato de quanto carregam a cada lance (cercamento e adensamento das macrófitas). Ao puxarem as macrófitas, as redes deixam um espaço vazio, um semicírculo cuja área se tornou exata após a padronização das redes.

Os cálculos ainda precisavam levar em consideração a condição das plantas, que se encontram de forma livre ou adensada na natureza, mas se adensam ainda mais ao serem puxadas pela rede. Com a área do semicírculo definida, fez-se a proporção do quantitativo das plantas – a medida de macrófitas –  que estavam sendo retiradas. Assim foi possível definir o valor de cada lance. E, ao contabilizar quantos lances são feitos por dia, o valor da retirada diária das macrófitas.

Esse controle está sendo importante na definição de equipes alocadas no projeto de retirada das macrófitas, com uma previsão fiel de quanto é possível retirar com um determinado número de lances por dia. Dessa forma, o tempo é otimizado e a UHE já se prepara para as próximas etapas do projeto, que incluem o transporte e a alocação dessas macrófitas como material de compostagem nas ilhas do reservatório.

A metodologia da FR será útil em cada parte desse processo, tornando possível a alocação otimizada de recursos para a retirada e o aproveitamento dessas plantas na usina. Acompanhe nosso blog para conferir os próximos passos dessa ação!

 

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