Ganhos estratégicos com a elaboração do PACUERA
Na sigla você já deve ter ouvido falar: PACUERA. O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial é previsão obrigatória no bojo de Projetos Básicos Ambientais (PBA’s) de empreendimentos hidrelétricos.
O relatório do PACUERA é constituído por um diagnóstico ambiental da área do entorno do reservatório, um zoneamento e proposição de medidas de conservação e uso da APP do Reservatório.
O que pode ser a maior dificuldade da sua empresa ao contratar esse serviço é a necessidade de uma elaboração integrada e multidisciplinar.
Por envolver usos múltiplos, o plano deve ser elaborado de maneira participativa, incluindo em suas discussões todas as partes interessadas: o empreendedor, os órgãos públicos (municipais, estaduais e federais), os comitês de bacias, as associações, as instituições de ensino e os proprietários lindeiros ao reservatório.
Um PACUERA deve apresentar, de forma georreferenciada, as diversas áreas de conhecimento.
Na legislação
O PACUERA é um instrumento de ordenação territorial instituído pela Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA 302/202 e reforçada pelo Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012).
Como é feito o PACUERA
Um poderoso instrumento de regularização territorial do entorno do reservatório, ele é elaborado de maneira participativa e através de análises geoespaciais que agregam e fortalecem o conhecimento multidisciplinar.
O zoneamento proposto no PACUERA é elaborado tendo como referência o diagnóstico ambiental do entorno do reservatório. Este diagnóstico envolve variáveis que envolvem questões do:
- Meio Físico
- Meio Biótico
- Meio Socioeconômico
- Restrições e premissas provenientes de normatizações legais
- Interesses dos envolvidos em sua elaboração
O objetivo do PACUERA é promover a convivência ambientalmente sustentável entre a geração de energia, as diversas atividades produtivas e formas de ocupação do território desenvolvidas em sua região de inserção, incluindo a preservação e recuperação das Áreas de Preservação Permanente – APP’s.
Desta forma, reuniões periódicas devem ser realizadas para que o zoneamento seja feito de maneira concisa, respeitando toda a legislação vigente e os diversos interesses envolvidos.
Cabe ressaltar que, de acordo com a Resolução CONAMA 302/2002, a aprovação do PACUERA deverá ser precedida de realização de consulta pública.
Como analisar: Conheça o SIG
Uma forma de agregar – e analisar as diversas variáveis elencadas no diagnóstico – é a utilização do Sistema de Informação Geográfica (SIG em inglês).
A análise geoespacial, disponibilizada em um SIG, é considerada a maneira mais eficaz de capturar, armazenar, manipular e analisar informações referentes às relações entre variáveis de natureza geográfica (georreferenciadas).
A ideia é utilizar esta ferramenta no auxílio à expertise técnica multidisciplinar, fazendo uma análise multicritério. Nesta análise, cada especialista aponta as principais variáveis socioambientais que deverão ser consideradas.
Estas variáveis são agrupadas, normalizadas e analisadas de maneira quantitativa. A análise multicritério utiliza um sistema de pesos diferentes, por variável, que posteriormente são “cruzadas” em ambiente SIG.
O resultado deste cruzamento de variáveis é a geração de informação geoespacial que pode ser utilizado na tomada de decisão e na constituição do zoneamento proposto no PACUERA.
Todos os trabalhos ambientais, que possui potencial de ganho para o meio ambiente enfrenta uma objeção fortíssima da nossa falta de educação.
É preciso muita convicção para a elaboração, implantação e o mais importante a manutenção de projeto como este.
O Pacuera é um importante instrumento para delimitar os diversos usos possíveis das áreas próximas a reservatórios, como o próprio nome denota. Creio que os maiores desafios na elaboração e implementação do Pacuera estejam no retorno e consenso da sociedade civil organizada a respeito das indicações de uso para cada zona proposta, além da análise desse instrumento e sua validação por parte do órgão ambiental. Outro grande desafio diz respeito à dinâmica de transformação do uso do solo nos arredores dos reservatórios, especialmente em regiões de fronteiras agrícolas e com menor presença do poder público fiscalizador, demandando atualizações constantes no planejamento desenvolvido.